31 maio, 2009

Longe e legal

a história da filosofia em 40 filmes
de 16 de maio de 2009 a 28 de fevereiro de 2010
sábados às 10h30
Teatro Nelson Rodrigues
Av. Chile, 230 – Rio de Janeiro

O que é a filosofia?
16.05.09 Rashomon | Akira Kurosawa
23.05.09 Persona | Ingmar Bergman
30.05.09 Stalker | Andrei Tarkovsky
06.06.09 Blow-up | Michelangelo Antonioni

Questões estéticas
13.06.09 Morte em Veneza | Luchino Visconti
20.06.09 Oito e meio | Federico Fellini
27.06.09 Cidade dos sonhos | David Lynch
04.07.09 Asas do desejo | Wim Wenders

Mito e tragédia
11.07.09 Medéia | Pier Paolo Pasolini
18.07.09 Oldboy | Chan-wook Park
25.07.09 Ladrões de bicicleta | Vittorio De Sica
01.08.09 Crimes e pecados | Woody Allen

O existencialismo
08.08.09 A doce vida | Federico Fellini
15.08.09 Estranhos no paraíso | Jim Jarmusch
22.08.09 Acossado | Jean-Luc Godard
29.08.09 As coisas simples da vida | Edward Yang

O amor em fuga
05.09.09 Aurora | F. W. Murnau
12.09.09 Janela indiscreta | Alfred Hitchcock
19.09.09 Todas as mulheres do mundo |
Domingos de Oliveira
26.09.09 O último metrô | François Truffaut

Morte e finitude
03.10.09 Nosferatu, o vampiro da noite | Werner Herzog
10.10.09 Hiroshima meu amor | Alain Resnais
17.10.09 Paris, Texas | Wim Wenders
24.10.09 O sétimo selo | Ingmar Bergman

História e violência
31.10.09 Ricardo III | Al Pacino
07.11.09 Macbeth | Roman Polanski
14.11.09 Dogville | Lars von Trier
21.11.09 Marcas da violência | David Cronenberg

O fascismo hoje
28.11.09 M, o vampiro de Düsseldorf | Fritz Lang
05.12.09 Taxi Driver | Martin Scorsese
12.12.09 Apocalypse now | Francis Ford Coppola
19.12.09 Laranja mecânica | Stanley Kubrick

Cinema e revolução
09.01.10 O anjo exterminador | Luis Buñuel
16.01.10 O encouraçado Potemkin | Sergei Eisenstein
23.01.10 O homem sem passado | Aki Kaurismaki
30.01.10 Nós que nos amávamos tanto | Ettora Scola

O cinema nacional e a interpretação do brasil
06.02.10 São Bernardo | Leon Hirzsman
20.02.10 Deus e o diabo na terra do sol | Glauber Rocha
27.02.10 Brás Cubas | Julio Bressane
28.02.10 Macunaíma | Joaquim Pedro de Andrade

Coquetel

Como uma estética rica
pode interferir em outra
e vice-versa
eu explico

é que depois de ver 8½ do Fellini
fui ler um livro de contos da Clarice Lispector
e eles se fundiram
um nó

comecei a projetar as imagens do livro
pela perspectiva do diretor italiano
até pensei na Claudia Cardinale
para todos os papéis femininos

agora inversamente
me recordo do filme
como se Clarice as narrasse
será possível?

28 maio, 2009

Barricadas

Rastejamos d´aqui pr´ali
meus pensamentos voam
semáforos dançam ao som de What A little Moon Light Can Do
os radares não fazem sentido

as luzes dos automóveis formam um rio
pessoas enjauladas
a cidade tenta calar Billie Holiday
em vão

já imagino as palavras que nascem desse grafite
ganharem formato Times Nem Romam
dar negrito e aumentar a primeira letra
cunhar os versos e organizar as estrofes

nada disso será mais preciso
as pessoas desligaram seus motores
saíram de seus carros
e seguiram seus caminhos a pé

23 maio, 2009

Encontro com Chacal e Chico Alvim

Mambembe
ritmo alucinante
refazer o poema: nave louca
o poema não é meu até que eu decore

a vida é curta para ser pequena
incorporar
passo a palavra
vem a década de 1970

as mãos não se fixam
a poesia não se fixa
vem Leopoldo se manter vivo
para não se fingir de morto

não idéias
sim sentimentos
como um projetor de slides
com tremor e gagueiras

21 maio, 2009

Sl. 130

Olá!
não é por nada não
não quero que você pense que sou um maníaco
mas é que queria te perguntar uma coisa

desculpe se estou sendo afobado
sou péssimo para essas coisas
mesmo que já tenhamos conversado muito pouco
queria falar-te

sei o teu nome
e creio que saiba o meu
apesar de não termos nos apresentado
já nos conhecemos pelo olhar

queria te convidar para sair
um cinema, teatro, sorvete ou cerveja
viu? não foi tão difícil assim
pelo menos não em frente ao espelho

20 maio, 2009

Borandá!

Carta de aceite


Prezado(a) CICERO FRANCISCO BARBOSA JUNIOR

Temos a satisfação de informar que seu trabalho intitulado "Tinhorão e a “circularidade” das idéias na música popular brasileira" foi aceito no Simpósio Temático "72. Olhares Musicais: Outras Leituras e Experiências Musicais", coordenado por "Francisco José Gomes Damasceno", que ocorrerá no XXV Simpósio Nacional de História, a se realizar de 12 a 17 de julho de 2009 no Campus do Benfica, em Fortaleza – CE.

Data e hora da apresentação : 16/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)


A Comissão Organizadora agradece a colaboração e conta com sua presença no XXV Simpósio nacional de História.

Atenciosamente,

Comissão Organizadora
XXV Simpósio nacional de História

17 maio, 2009

Carta de Intenção

1) Identificação do candidato: Nome e formação universitária. 
2) Breve introdução sobre conhecimentos relacionados ao curso.
 
3) Experiência acadêmica ou profissional na área de abrangência do curso, se houver.
 
4) Interesse pessoal do candidato na área.
 
5) Possibilidades de aproveitamento do curso em sua atuação profissional.
 
6) Expectativas em relação ao curso.
 

Obs.: A carta deve ser desenvolvida em no máximo 30 linhas.
 

16 maio, 2009

Texto de Bortolotto

NEM ISSO, NEM AQUILO 
ISSO, MEU VELHO, SE CHAMA RITMO

Meu pai chegava virado e detonava. Quebrava a casa inteira e cobria minha mãe de porrada. Na minha infância essa cena foi uma constante. No dia seguinte, já sóbrio, ele se arrependia e envergonhado pedia desculpas, sacava as economias e comprava uma cozinha toda nova, quer dizer, mesa, cadeiras e o que mais ele tivesse quebrado. Se eu fosse um merdinha politicamente correto ia entrar numas de ficar odiando meu pai, ia ter algum trauma mal resolvido ou qualquer outra dessas viadagens, mas como sou feito de outra substancia, sempre procurei ver as coisas da minha maneira e não do jeito que o coro fazia questão. Meu pai era um puta maluco, pau d´agua, motorista de caminhão, bronco, machistão e violento. Esse era o cara. O que eu podia esperar dele? Afeto despudorado e festinhas de aniversário? Lá em casa a gente nunca sequer chamou ele depapai. Porra nenhuma. Era "bença, pai" e "Deus te abençoe, filho". É por isso que me revira o estomago quando vejo algum bostinha chamando o genitor de papi. Dá vontade de vomitar. Um cara desses vai crescer e vai achar que a tal da Maitena é que tá certa. Vai se emocionar vendo novela de tv e vai ter pôster do Paulo Coelho no quarto. Periga até o cara ficar tenso num filme pau mole como o Carandiru. E quando algum mulherão der bola prum sujeito desses, o panaca vai ficar perdidão e vai acabar escrevendo pro Bonassi na Revista da Folha pra pedir conselho. Quando ficar tete a tete com a mulher vai achar normal quando rolar o fio terra sugerido pela gostosa. Solta um fresquinho desses dois dias numa perifa de verdade pra ver se ele sai vivo. De onde eu vim, meu camarada, se a gente pedia conselho, descobria do pior jeito o caminho pra casa. Quando eu já era adolescentão, meu pai um dia chegou em casa e detonou a pancadaria, partiu pra cima da minha mãe com tudo. Eu derrubei ele no chão e o imobilizei. Não que eu fosse grande merda, que isso fique bem claro. Meu pai era muito mais forte e mais fodão que eu. É que ele tava briaco. Foi só por isso que eu levei vantagem. Ainda bem, porque assim eu consegui livrar a cara da minha mãe, pelo menos dessa vez. Fiz ele prometer que não ia mais partir pra cima da minha mãe e só depois eu o soltei. Meu pai ficou frio e foi tomar banho. Como todo homem de verdade, ele sempre foi um cara de palavra. No dia seguinte, eu tava sentado no chão da sala assistindo tv. Minha mãe tava deitada no sofá. Meu pai foi até o quarto, pegou o 38 e engatilhou na minha cabeça. Então ele falou : "Na próxima vez que você tocar em mim, eu acabo com sua raça." Eu respondi friamente : "Olha, Pai, eu nunca quis machucar o senhor. E eu sei que o senhor é homem de palavra e tudo o mais. Mas se o senhor partir pra cima da mãe de novo, eu vou ter que fazer a mesma coisa que fiz ontem." Ele desengatilhou a arma e saiu sem dizer mais nada. Nunca mais ele bateu na minha mãe e eu nunca mais tive que sair na mão com ele. Acho que foi melhor pra todo mundo. Ele ficou na noite quebrando alguns bares e arrumando encrenca com uma pá de caras do mesmo naipe dele, sei lá se numas de apaziguar os seus demônios ou sei lá como a gente deve chamar isso. Sempre procurei compreender o meu pai e toda a angústia que com certeza, ele carregava com ele. É fácil sair por aí julgando a rapaziada. É só seguir a cartilha do bom mocismo. Qualquer panaca politicamente correto faz isso e depois ganha medalha Meninas Veneno. Eu quero que esse bando de cornos queimem seus rabos no inferno. Meu pai fez muita bosta, a maioria delas com minha mãe que nunca mereceu, já que era uma senhora gente boa pra caramba, sofrida, que veio de pau de arara de Alagoas e nunca conseguiu ser feliz na merda dessa vida, mas o fato dele ter feito essas merdas não altera o fato de que meu pai era um homem de verdade, como quase não existem mais por aí. Ele também fez coisa boa pra cacete, entre elas, criar dignamente três filhos. Dois homens e uma mulher de verdade. Gente sem frescura e com vergonha na cara. Gente que respeita os outros, embora não levem desaforo pra casa. E eu tenho o mó orgulho e a mó saudade do meu Pai, do mesmo jeito que tenho da Mãe. Quem não concordar comigo, que se foda. Tenho me olhado no espelho e tenho sacado que cada dia que passa tô mais parecido fisicamente com ele. As vezes até me assusto com a semelhança. Principalmente agora que os cabelos brancos já me ocupam quase que inteiramente a cabeça e minha barriga de cerveja se acentua mais a cada dia. E olhando pra essa foto com a minha filha que a Jacqueline tirou, eu saquei o quanto ela está ficando parecida comigo. É evidente que ela é muito mais bonita (ainda bem), mas caralho, não dá pra negar a semelhança. Eu já não tenho pai e não tenho mãe. Minha mãe morreu doente, acho que de infelicidade (as pessoas também morrem disso) e meu pai morreu anos depois de atrofia cerebral (de tanto beber), mas eu tenho uma filha linda que cada dia que passa fica mais parecida comigo. E eu tenho um espelho em casa e olho e percebo o quanto tô parecido com meu pai e o quanto minha filha tá parecendo comigo e cara, dá um nó, brother. Dá até vontade de chorar, meu velho, mas eu não sou um sujeito dado a essas coisas. Eu não sou de ficar fazendo certas coisas na frente dos outros. Sendo assim, ergo o copo de conhaque e brindo a meus poucos motivos de orgulho. Eu sei que nada disso vai durar pra sempre, mas quem é que quer ficar nessa merda pra sempre? Deve ter coisa melhor esperando pela gente por aí. Se não, porque merda Deus aprontou essa com a gente?

fonte: http://atirenodramaturgo.zip.net/

Defeito

Encho o peito de ar
não o diafragma, como fazem os trompetistas
mas pareço um famoso ao bufar
estufando as bochechas

sempre me esqueço de trocar o limpador
só lembro quando cai a garoa
o jazz que toca não combina com o clima
nem com minha chateação

gosto de ir a lugares onde não sou notado
na verdade, onde não conheça as pessoas
não sei bem, mas é algo assim
sou do tipo que piora a cada dia

gosto de pessoas sociáveis porque eu não sou
equilibra um pouco este mundo
pelo menos tentam deixá-lo melhor
por mim as conversas teriam sempre silêncios constrangedores

13 maio, 2009

Morte Precoce

1. F.W. Murnau (42)
2. Jean Vigo (29)
3. Sergei Eisenstein (50)
4. R.W. Fassbinder (36)
5. Maya Deren (44)
6. Jean Eustache (42)
7. Ritwik Ghatak (50)
8. Humphrey Jennings (43)
9. Glauber Rocha (42)
10. Hollis Frampton (48)
11. Barbara Loden (48) 
12. Larisa Sheptiko (41)
13. Andrzej Munk (40)
14. Paul Sharits (50)
15. Thomas H. Ince (42)
16. Yilmaz Güney (47)
17. Seth Holt (48)
18. Fabián Bielinsky (47)
19. Ron Rice (29)
20. Michael Reeves (26)
21. Marlon Riggs (37)
22. Theo van Gogh (47)
23. Shuji Teryama (47)
24. Warren Sonbert (47)
25. Cristian Nemescu (27)
26. Barbara Rubin (35)
27. Cyril Collard (36)
28. Forough Farrokhzad (32)
29. Fei Mu (45)
30. Marjorie Keller (43)
31. Juan Pablo Rebella (32)
32. Vasili Shukshin (45)
33. Kent MacKenzie (50)
34. James Blue (49)
35. Antonio Pietrangeli (49)
36. Werner Hochbaum (47)
37. Artie Mitchell (45)
38. D’Urville Martin (45)
39. Michel Bena (41)
40. Kenneth Hawks (31)

lista da “Film Comment”; entre parênteses, a idade de cada diretor ao morrer. nenhum deles passou dos 50 anos... será que eu chego lá?

07 maio, 2009

1983

Volto para casa
aproveito a luz vermelha do semáforo para escrever
não quero perder palavras, idéias e impulsos
em breve a sinaleira ficará verde

escuto buzinas
é o preço pela desatenção
afobado, abro o caderno ao acaso
entre anotações a tinta, escrevo a lápis

tenho medo de esqueçer as coisas
ainda bem que posso registrar
mas não existe tempo hábil
as frases se acumulam

na curva me perco, tudo se perde, caem girando
sem querer revivo lembranças 
quando as letras eram para mim 
bandeirolas rodopiando num barbante

06 maio, 2009

Inserto

Ponho as costas da minha mão no pescoço
suspendendo levemente o queixo
não resta dúvida de que tenho febre
a boca amarga já dizia

minha mão vai à testa
para obstruir a claridade
faço uma aba com ela
meu rosto se enruga

parece um terremoto
mas sou eu tremendo
um frio que não existe
três comprimidos devem dar

desabo de sono mas não durmo
pensamentos latejam
me um ocorre enjambement
que me faz levantar

03 maio, 2009

Vira-lata Cultural 2009

Novos Baianos



Tim Maia Racional


Clube do Balanço


Curumin


Marcelo Camelo


Camisa de Vênus


A noite mais fria do ano

02 maio, 2009

Uma do Itamar:

DO ALTO DOS QUARENTA E QUATRO

Do alto dos quarenta e quatro

miro meu retrato de anos atrás.

Tenho ar preocupado, um riso forçado...

num branco sem paz.

 

Do alto dos quarenta e quatro

tiro meus sapatos, ando pelo cais.

Mais lúcido que alucinado,

aprendi um ditado: “Prendam Barrabás!”

Vivo entre verso e prosa, ataque e defesa.

Vivo muito mais.


Itamar Assumpção

(retirado do blog do Mário Bortolotto)